quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Espiritismo & Democracia

Espiritismo & Democracia - pelo espírito Marina Fidélis


"Os espíritas devem ser democráticos.
E devem lutar por uma democracia
que tenha como meta o bem do
homem, do cidadão,
e da consciência do ser.
"


Na caminhada da Terra há sempre uma situação de consciência que representa aprendizado.
Diante disso, os espíritas precisam se conscientizar de suas responsabilidades perante o contingencial que envolve a Terra, e, particularmente, a cultura política brasileira.
Hoje, os brasileiros têm o resultado de um processo eleitoral, que, em seu segundo turno, concentrou a disputa entre dois candidatos com programas de governo assemelhados, e com propostas efetivas de alcançar uma materialidade concreta para
suavizar a fome, a miséria, diminuir angústias, criar imediatamente mecanismos de segurança efetiva para proteger os cidadãos, e assim sucessivamente.
Este não é o momento nem para rancores, nem para vaidades.
O País precisa, urgentemente, de um pacto social para uma
construção de futuro.
Então, é preciso que os homens que fazem política não sejam rudes, agressivos, pernósticos, mentirosos, ou criaturas que fazem política em causa própria.
Nesse processo de construção nacional permanente, para o qual os espíritas são chamados a assumir suas responsabilidades, é preciso lembrar que a Doutrina dos Espíritos é essencialmente deísta.
Nós, espíritos manifestantes, temos restrições severas à visão marxista.
Em hipótese nenhuma, nenhum médium, em nenhum centro
espírita, em nenhuma manifestação, há qualquer possibilidade ou vislumbre de o processo doutrinário espírita se associar ao processo doutrinário marxista, ou mesmo apoiá-lo.
Nós, espíritos manifestantes, que orientamos o aprendizado da Doutrina dos Espíritos, somos diametralmente opostos à doutrina marxista.
É preciso que fique absolutamente claro: não há condição de se fazer integração entre a visão marxista e a visão espírita.
Os espíritas são homens de princípios, e precisam mantê-los, todos os dias, sob todos os pontos de vista.
Cada um deve viver e sofrer suas convicções.
Os que acreditam, portanto, no processo marxista devem procurar vivenciar suas convicções, mas sabendo que o marxismo tem propostas materialistas, a Doutrina dos Espíritos tem propostas espiritualistas.
Os espíritos manifestantes trabalham num sentido efetivo de aprendizado, de construção, de transformação, de uma ordem moral, de uma ordem espiritual.
E nunca trabalharam, nunca trabalham e nunca trabalharão num sentido de finitude do homem.
Eles trabalham a perenidade do espírito.
Assim sendo, que os espíritas saibam de suas responsabilidades, e da defesa que devem fazer da Doutrina deísta.
A Doutrina dos Espíritos trabalha a chamada ordem democrática.
Aconteça o que acontecer, os espíritas devem ser democráticos.
E devem lutar por uma democracia que tenha como meta o bem do homem, do cidadão, da consciência do ser.
Democracia é ponto fundamental, capital, existencial e lógico de toda a ação espírita.
Os espíritas precisam trabalhar para que todos os governos, através de seus programas,
acolham e defendam a diversidade.
Os governos não podem, em hipótese nenhuma, retirar a conceituação e a prática de uma pluralidade política, social, econômica, religiosa, cultural.
O pluralismo é fundamental à democracia. E, a partir desse entendimento crítico em torno de
diversidade, do pluralismo, é preciso que todos tenham a força da expressão de que podem ir, vir, permanecer e ficar, com a consciência do ser.
É preciso que os espíritas entendam definitivamente que nós, espíritos, e a Doutrina dos Espíritos, pregamos a diversidade.
Nós não admitiremos, em hipótese nenhuma, que se retire do País a conceituação da diversidade. Portanto, não pode haver o chamado pensamento único.
A religião não deve ser única, como não deve ser único o partido político, a escola, e o trabalho. Esse entendimento deve ser claro, límpido e intensamente posto em benefício de todos.
E todos devem trabalhar para isso.
Em nenhuma hipótese a Doutrina dos Espíritos apoiará qualquer proposta messiânica,
seja lá em qual for o segmento cultural, político, social, econômico, ou religioso.
A Doutrina dos Espíritos não aceita salvadores.
Ela aceita regime democrático, onde uma composição do povo, nas assembléias legislativas, câmaras municipais, no bicameralismo do Brasil — a Câmara Federal e o Senado —, votam as leis em torno das necessidades do homem.
É preciso que se pense seriamente na tripartição dos poderes.
Que o Poder Executivo execute;
que o Poder Legislativo faça as leis;
e que o Poder Judiciário julgue, com dignidade, com conhecimento, com partido alto, com jurisprudência, com doutrina, com os elementos que compõem a ordem jurídica mundial e a ordem jurídica nacional.
Essa consciência democrática precisa ser diariamente avivada, e assim permanecendo ao
longo do processo existencial terreno.
O regime tem que ser democrático no Brasil, na América Latina e em todos os outros países. É fundamental caminhar para um socialismo democrático.
Um processo no qual haja uma justiça social e um nível de integração entre as diversas camadas da sociedade, sem o sentido do igualitarismo, que é prejudicial, destrutivo e amoral.
Depois é preciso que todos tenham a consciência do trabalho.
Cada um deve estar afeito ao processo do trabalho, sem enriquecimento ilícito, sem nenhuma instrumentalização que represente recurso a ser usado contra terceiras pessoas, contra qualquer instituição, principalmente a que diminui o Erário público, que traz prejuízo à coisa pública.
A consciência do trabalho deve ser um plano existencial, evolutivo, de um verdadeiro cumprimento de dever escolar.
Ninguém deve ser beneficiado a não ser pelo fruto do seu trabalho.
Além disso, é preciso que haja imprensa livre.
A imprensa tem que ser livre, sob todos os pontos de vista. E, para ser livre, ela tem que ser responsável, solidária com o povo, tem que trazer estímulos para a produção, para a distribuição, repartição e consumo de bens e serviços na sociedade humana. Essa imprensa há de crescer, pois à medida que há democracia, há liberdade.
A liberdade é a força de cada homem existindo com a consciência plena de sua cidadania.
Mas, para que isso aconteça, é necessário que todos tenham sempre a responsabilidade de procurar fazer o melhor.
E fazer o melhor, agora.
Passadas as eleições, diplomados os governantes, é a hora de perceber que, em vez das bandeiras dos partidos políticos, há só uma bandeira para os brasileiros:
a Bandeira Nacional, que traz a história do País.
Os cidadãos devem construir, e construir-se, em torno dos símbolos nacionais, que carregam
a memória, representam o berço e o túmulo dos antepassados e as perspectivas de futuro.
É preciso que neste momento as pessoas todas não se fixem em torno de ideologias e de problemas pessoais, de garantia de status de poder, e se somem na garantia de um país
moderno, construcional, onde, da pré-escola até as mais altas magistraturas da Nação, todos
os homens passam a fazer a construção de um mundo melhor.
Um mundo melhor não é construído por um só homem, nem somente pelo governo, nem apenas pelo Congresso Nacional.
É preciso que todos os brasileiros estejam absolutamente conscientes da responsabilidade de construí-lo, e que isso não se faz com ideologia, muito menos com patrulha ideológica.
Todos devem ter visto que nem os espíritas, nem os espíritos manifestantes, se perfilaram em torno dos candidatos.
É preciso que as coisas boas dos programas feitos por esses dois senhores, que disputaram o segundo turno, se somem e se construa um país melhor.
Isso se faz com boa vontade, com conhecimento, espírito público, isso se constrói com as
pessoas se desarmando, para não se ficar tentando colocar defeitos em quem ganhou ou em que perdeu.
É preciso colocar a cidadania a serviço de uma construção maior, e para isso não se pode
ficar pensando em classes de funcionários públicos, em classes de sindicalistas, ou em classes especiais, em que torno das quais todos querem ganhar mais.
Tem-se que ficar pensando, neste momento, é na Nação pobre e esfomeada.
Basta caminhar nas ruas para se ver homens caídos, irmãos nossos, deitados com as mãos estendidas, pedindo socorro, com fome...
Nessa linha de ação consentânea, de responsabilidade, de integração de vida, é preciso
que os espíritas entendam o que significa ser espírita.
Ser espírita é assumir responsabilidades severas diante da comunidade.
É ter sobriedade, dignidade, é trabalhar com as pessoas, para que se dê a cada um o que é seu, como apregoava Ulpiano.
Para se fazer isso, dar a cada um o que é seu, é preciso ter força moral, é preciso equilíbrio entre
o espírito e a matéria.
De nada adianta aos espíritas ouvir mensagens, decorar os textos dos livros, se não fizerem uma atuação prática.
Os espíritas precisam lembrar que, em todos os instantes do seu cotidiano, nos seus atos, na sua maneira de ser, estão fazendo a concretização dos princípios espíritas.
E os princípios espíritas se alicerçam primeiro em Deus.
Toda a manifestação espírita tem a manifestação de Deus, como o Creador do Universo,
a gênese da vida.
Depois, os espíritas devem pensar no Evangelho de Cristo, buscando fazer de seu agir uma integração de ordem lógica e axiológica na construção moral do homem.
Devem fazer uma correlação de valores, colocando sua visão social, política, econômica e cultural, fazendo uma escala que lhes permitam fazer inferências as mais diversas e conceituar a vida.
Em seguida, a Doutrina dos Espíritos trabalha a visão crítica do livre-arbítrio.
Os espíritas precisam saber que representam a força viva do livre-arbítrio.
Quando se fala em política, em liberdade, em pluralidade, estamos falando em livre-arbítrio. Cada um deve ser a responsabilidade da operação mental, social, cultural, portanto prática, de fazer, dentro da lei, aquilo que entende que deve fazer.
Além disso, é preciso que nessa temática se entenda o princípio reencarnatório, que é um
princípio de justiça, de integração e de harmonia entre todos os homens.
A Doutrina dos Espíritos trabalha o instituto da reencarnação no sentido universalizante, dignificante e educativo do espírito.
A Doutrina dos Espíritos ainda vem demonstrar o que é o polissistema material e o polissistema espiritual.
Cada um desses polissistemas tem cultura própria, condições diferenciadas de mundo, de pessoa, de coisa.
E nós trabalhamos a integração entre os dois polissistemas, numa relação em que há a chamada integral entre aquilo que já alcançamos, no momento de reencarnar, e o Creador, em um espaço entre o ser e o Creador, para que se possa, nessa medida em que se está vivendo, ir-se recolhendo essas informações — uma delas é através do processo mediúnico, no qual os polissistemas se somam e produzem em um dado momento da história de cada um, da história social da humanidade, mensagens que são significativas, profícuas e dignificadoras da pessoa humana.
Sempre que se faz eleições, que se muda o pensamento crítico, é preciso que todos se ponham à guarda e comecem a pensar em um sentido construcional do bem, da justiça.
E o bem não se faz com ódio, não se faz com um sentido de perseguições, de afastamento e divisão da Nação.
O bem se faz com construção, união.
Assim aconteceu em todos os países europeus, nos Estados Unidos, e assim tem sido a Rússia depois da queda do Muro de Berlim.
Em todos esses países os cidadãos perceberam que não podem viver divididos, mas unidos em torno do princípio da democracia.
Além disso, os espíritas têm o dever de lutar pela vida.
Portanto, não se pode esquecer que nenhum governo tem o direito de instituir leis que venham constranger a vida.
Os espíritas são contra a pena de morte, a eutanásia e o aborto.
Nós esperamos que os espíritas façam prece, a prece da união nacional, para que esse senhor, que vai assumir a Presidência da República, possa fazer o melhor governo possível, democrático,
integrativo, dentro do Estado de Direito, e que traga aos brasileiros essa possibilidade de crescimento, de qualificação melhor de vida, de uma expressão de legitimidade efetiva, e
de um cumprimento integral dos princípios constitucionais do Estado.
Nós, espíritos, viemos dizer aquilo que nós queremos para o vosso povo, para a construção de
um momento novo, moral;
e um momento novo se faz com amor.
Então é preciso que todos tenham consciência dessa responsabilidade de amor, de afeto e de transformação.



MARINA FIDÉLIS, mensagem psicofônica, feita através do médium Maury Rodrigues da Cruz, no dia 28 de outubro de 2002, na Sociedade Brasileira de Estudos Espíritas, em Curitiba - Paraná.


"Sempre que se faz eleições,
que se muda o pensamento crítico,
é preciso que todos se ponham à guarda
e comecem a pensar em um sentido
construcional do bem, da justiça.
"

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